Quem provocou a crise?

Recentemente recebi um desafio de uma grande amiga que tem acompanhado de perto meus textos. Jamais consideraria um desafio, mas sim um momento para reflexão que estendo a todos. Agradecimento especial a ela e a todos que acompanham o blog.
Trata-se que uma questão que faz parte da vida de muitas pessoas, que também passa pelas empresas, pelos casais, negócios e assim por diante. Refiro-me a crise. Como sempre o apoio de um dicionário é extremamente importante para entendermos o conceito.
Crise: Período difícil na vida de uma pessoa ou de uma sociedade de cuja solução depende a volta a um estado normal. Falta de alguma coisa em vasta escala.
A colocação da amiga surge em função da crise americana de tal forma que assusta a todos, inclusive a nós brasileiros. Algumas considerações foram feitas a respeito (veja link: http://dinheirama.com/blog/2008/04/22/crises-sempre-sao-oportunidades) onde o especialista em finanças Marcio Eugênio faz colocações importantes e reais.
Voltamos a palavra crise. Vamos viajar ao mundo organizacional já que esse é o foco. Partindo do princípio de que crise é algo que está sobrando, quando alguém toca o alarme indicando que uma crise chegou, ela de fato se instala. Vejamos o significado da palavra hipocondria: receio mórbido de estar doente. Até que a crise seja realmente instalada, até que ela tome conta da situação, não estaríamos falando de algo semelhante ao receio?
Receio de que o relacionamento não anda bem; receio de que o dinheiro não será suficiente; receio de que o Brasil é o melhor país do mundo para se viver; receio de que o “chefe” vai demiti-lo etc. E a crise, por onde anda?
No dia-a-dia das pessoas, seja em casa ou no trabalho, acontece um turbilhão de situações inusitadas e desconfortáveis algumas vezes. Algumas pessoas encontram com mais facilidade uma saída para tais situações, outras já não conseguem. A estrutura psíquica de cada um diferencia-se em diversos aspectos. Exemplo: quando um paciente busca por terapia para obter respostas a certas questões que aos olhos dos outros são muito simples de se resolver. Vejo que assim também é com a crise. Um alerta é para a importância que as pessoas dão a momentos, situações, ocasiões difíceis que ocorrem no dia-a-dia e que são potencializadas por pensamentos negativos.
Nas empresas, no dia-a-dia de trabalho, para muitos não sobra tempo para pensar em outra coisa que não seja no trabalho. Não percebem os ponteiros do relógio girar e quando se dão conta chegou a hora de ir para casa. Por outro lado, algumas pessoas têm tempo suficiente para outras tarefas que não o trabalho propriamente dito. Surge então uma questão polêmica. Trata-se daquela velha expressão “cabeça vazia, oficina do diabo”. Aos colegas psicólogos, não estou colocando em questão o sofrimento causado pelo trabalho, até porque para muitos o trabalho é fonte de prazer.
Quero dizer que em minha opinião a instalação da crise é uma conseqüência. Se faltar alguma coisa em vasta escala aquele período passa a ser difícil. Outro exemplo: se fizeram mau uso do dinheiro da empresa e faltou dinheiro no caixa por longo período o momento passa a ser ruim, logo surge uma crise financeira. Mais um exemplo: o time de futebol não consegue ganhar de mais ninguém. Está sobrando derrotas e por conta delas uma crise se instala, porque contrataram um treinador qualquer. Percebam as conseqüências, não que uma crise como a americana seja simples, mas ocorre em função de algo, deram o “start” antes.
Não sei se existe um caminho assim como uma receita de bolo para enfrentar tempestades como essa. Muitas crises ocorreram na história e se passaram, continuam ocorrendo e sem dúvida não vão desaparecer. Quanto ao controle da ansiedade e as expectativas em relação a uma crise, como já citei acredito que o quanto a potencializamos pode ser um fator de aceleração desse processo. Existem situações em que temos que aguardar para que venha a bonança, assim como outras em que temos que nos mexer.
Percebam que o assunto é complexo a tal ponto de haver divergência de opiniões no que tange ao comportamento. Jamais tentarei esgotar qualquer assunto, o intuito é levar as pessoas à reflexão.
Respeitando seu tempo para as leituras diárias, abordarei em outro momento sobre fator estresse como sintoma referente ao processo de crise.
Desejo a você momentos de reflexão e prazer.