OPORTUNIDADE ÚNICA

Perceba como é delicada a condição de desemprego. Estava aguardando para uma reunião em determinada instituição, quando percebi a minha frente uma pessoa ser chamada.
Obvio que não conhecia a pessoa, muito menos que estava em busca de emprego, mas algo me chamou a atenção e essas coisas acontecem aos montes e passam despercebidas. Podem até ser notadas, mas ao olhar do profissional de RH deveria ser diferente.
Uma moça anunciou o nome do senhor que estava aguardando. Ele entrou calmamente cumprimentando-a, possivelmente era uma entrevistadora.
Ela disse que estava com seu currículo e simplesmente perguntou qual era a categoria de sua habilitação. De repente o sujeito começou a contar uma história que chamou a atenção de todos que ali estavam. Contou uma história dramática sobre os problemas com sua CNH, e assim foi por alguns minutos de pura justificativa sem ao menos a moça lhe questionar sobre qualquer aspecto.
Na sequência ela comentou que também tinha observado em seu currículo que tinha experiência e lá veio outra avalanche de informações. Foi logo discorrendo sobre suas habilidades, e mais e mais histórias.
Faço aqui uma breve e importante observação.
Em outro artigo abordei assunto semelhante, porém, como se trata de um caso real é extremamente importante fazer apontamentos.
A grande maioria dos desempregados sofre. Sofrem preconceito, são desprezados, na maioria das vezes estão sem esperanças de conseguir novo emprego, desmotivados, sem dinheiro etc.
São situações que deveriam ser consideradas em um momento de entrevista. Se você é um entrevistador poderá estar dizendo que detectando todos esses problemas é que fará uma boa seleção.
Uma coisa é você selecionar um candidato, respeitando-o. Outra coisa é você tirar proveito de um momento de fragilidade e eliminá-lo da lista de candidatos.
Percebe a diferença? Existe um lado humano que precisa ser preservado, e muitas vezes prevalece o lado mecanicista do profissional de RH.
O que significa RH mesmo?
Para as empresas:
- Muito profissionais da área de RH, lamentavelmente, ao invés de motivar o candidato para que o mesmo fique tranqüilo e seja o mais natural possível, fazem justamente o contrário, praticam uma espécie de tortura emocional, isso mesmo. Há relatos de candidatos que saíram de uma entrevista de emprego com fortes dores de cabeça e passando mau. Portanto, seja inteligente meu caro. O máximo que você vai conseguir com essa tortura é se rotular e rotular a empresa, imagino que pode não sem nada interessante para ambos;
- Respeite os candidatos, afinal eles poderão ser colegas de trabalho em breve;

Para os candidatos:
- Se você estiver se preparando para uma entrevista procure não ficar obcecado com o que vai dizer ao entrevistador. É obvio que não é fácil tamanha ansiedade, mas, é saudável tentar.
- Não precisa mentir, basta ser franco e potencializar aquilo que tem de bom. Cuidado com os exageros, você poderá se perder em suas próprias histórias.
- Não coloque o “carro na frente dos bois”. Espere que o entrevistar faça as perguntas, aí sim responda. Nada de ficar falando sobre assuntos que nem ao menos foram perguntados.
Pequenos detalhes fazem uma grande diferença.
E para finalizar, como profissionais da área de RH e apaixonados por pessoas, não custa nada praticar o respeito e a consideração pelo próximo. Afinal, uma equipe se forma por afinidades pessoais e profissionais, além das características peculiares de cada profissional e não é torturando que conseguirá tudo isso.
Sejam felizes. Forte abraço.