PROCESSO DE ENTREVISTA DE EMPREGO
Para muitas pessoas o momento da entrevista de emprego é de bastante sofrimento. Diga-se de passagem, em muitos casos o sofrimento começa dias antes da entrevista propriamente dita.
E por que isso acontece?
Quem já participou de um processo
de entrevista, para qualquer que seja o cargo ou vaga disponível, teve lá suas
impressões, e claro, podem ter sido boas ou não.
Sairá ou
não com uma boa impressão, pois a própria concorrência de um processo seletivo
que passa pela entrevista, e o fato de não ter conseguido o cargo, pode gerar
uma pequena mágoa ou frustração pelo desejo de que tudo dê certo.
Enfim, devido a várias práticas
que são aplicadas no processo de entrevista (e aqui eu faço questão de frisar
que algumas empresas abusam deste momento), existem motivos de sobra para que o
candidato se magoe, e tenha sim uma má impressão.
Até aqui temos um primeiro
momento, um segundo momento é que para uma próxima entrevista essa pessoa, esse
candidato que passou por esse mix de sentimentos, e de práticas muitas vezes
até abusivas, ele já vai para essa próxima entrevista com uma série de
pré-conceitos. Claro, a experiência anterior não foi boa, gerou algum trauma, e
nessa próxima entrevista ou nas próximas entrevistas, há sim grandes chances
deste candidato não ter sucesso.
As empresas de uma forma em geral
têm lá os seus motivos e tem um processo de entrevista bastante apertado, tendo
em vista que ela deseja ter o melhor profissional para o seu quadro de pessoal,
natural que seja assim, pelo menos em grande parte das empresas. Mas, não podemos comparar um processo de
entrevista bastante apertado com técnicas e tudo mais, com alguma coisa que
gere esse desconforto nos candidatos.
Você pode até estar pensando, poxa,
cada um é cada um, se ele se traumatizou problema dele, enfim, você pode pensar
o que quiser. Mas as empresas não
precisam submeter seus candidatos a esse tipo de situação. Preste bastante atenção, pois, quando me
refiro a empresa, estou me referindo diretamente as pessoas que conduzem ou
conduzirão este processo, que muitas vezes está na mão de alguém com formação
em psicologia, o que seria o ideal, mas muitas outras vezes está nas mãos de
profissionais de outras áreas, que talvez não tenham a sensibilidade necessária
para este processo.
Isso não é uma crítica, nem à
empresa, nem aos profissionais que não são da área de psicologia, e que
deveriam estar à frente dos processos de seleção, mas é um alerta para que o
candidato quando for para um processo de entrevista procure saber com quem ela
está falando.
Você até pode me questionar
dizendo que mesmo não sendo um profissional da área de psicologia, este sujeito
está preparado para fazer a entrevista.
Até aí tudo bem. Quem preparou
esse sujeito? Qual foi o treinamento que
ele recebeu para conduzir um processo de entrevista e saber como ter esse
cuidado com os candidatos, respeitando, entendendo os seus limites, não
forçando a barra, sabendo fazer as perguntas de maneira adequada, respeitando o
tempo de resposta do candidato, deixando-o à vontade para responder às questões,
compreendendo que ele pode sim estar nervoso neste processo de entrevista,
enfim. Será que essa pessoa treinada adquiriu
toda essa capacidade? Ou ele será mais
um que vai deixar uma má impressão neste processo de entrevista.
Eu gosto muito de fazer essas reflexões, por que no mundo do trabalho, e não somente no mundo do trabalho, teoria e prática estão muito distantes uma da outra, diria que quilômetros de distância.
Esta é apenas uma das práticas
adotadas pela área de recursos humanos, diga-se de passagem, uma área que prezo
muito, quando ela funciona bem. Em
muitas empresas a área de recursos humanos é uma mera área de departamento
pessoal ainda, que começa se intitular de área de RH, mas, está quilômetros
de distância do que seria uma verdadeira área RH.
Se não bastasse isso tudo, em
breve chegará ao Brasil mais uma novidade, ainda talvez neste ano de 2018,
sendo uma nova forma de avaliação que os bancos americanos passaram a
adotar. E como diria um grande
administrador e diretor de empresas com o qual tive o prazer de trabalhar,
senhor José Gaspar Meyer, ele sempre disse que copiar é uma arte, e concordo
plenamente. O Brasil de uma forma em
geral, assim como outros países também faz isso, tem mania de copiar as coisas
e muitas vezes copiar ao pé da letra, o que quero dizer com isso é que lá fora
funciona de uma maneira e aqui funciona de outra. Desta forma seja lá o que for que está sendo
importado, precisa ser muito bem adaptado para a realidade brasileira, tem
muita gente que simplesmente cópia, cola e aplica, e aí não sabe porquê que os
resultados não são bons.
Bem, sobre o que está chegando no
mercado brasileiro em termos de práticas de recursos humanos, este formato de
avaliação vai analisar as entregas e os comportamentos dos profissionais
durante todos os dias da semana.
Este conteúdo está na revista
Você S/A edição 229, e seria muito prematuro da minha parte dizer que este
processo vai funcionar ou não, pois, ainda nem chegou ao Brasil, mas muitas
empresas já fazem algo parecido, que é a avaliação 360º, só que não é aplicado
diariamente.
Voltando a falar da entrevista de
emprego e o quanto ela impacta na vida de muitos candidatos, é importante que
as empresas, antes de se prepararem suas práticas mirabolantes de seleção, pensem
que por trás dessas práticas estão pessoas, e essas pessoas muitas vezes estão ansiosas,
preocupadas, nervosas, e aí para melhorar tudo isso elas entram com as suas
práticas mirabolantes.
De repente por uma dessas práticas
ela perde um excelente candidato, e ainda vai dizer que todos aqueles que foram
reprovados não tinham o perfil que a atendesse, ou seja, sempre a mesma
história.
Falo com propriedade sobre este
assunto, pois, já estive dos dois lados, e enquanto recrutador e psicólogo
responsável pela contratação de centenas de pessoas, sempre tive o maior prazer e respeito por todo e qualquer candidato que esteve à minha frente.
É isso que se espera, que mesmo
não sendo da área de psicologia, possam ter alguns minutos de empatia quando
estiverem à frente dos candidatos que possivelmente foram recrutados por ele
para o processo seletivo.